Os viticultores de Bordeaux uniram-se a uma onda de protestos liderada por agricultores em toda a França.
A manifestação ocorre devido a uma crescente insatisfação com regulamentações e impostos que ameaçam a viabilidade de suas operações.
Durante dias, trabalhadores agrícolas bloquearam estradas, despejaram feno e estrume em frente a edifícios governamentais, em um movimento que reflete a profunda frustração da classe agrícola.
Manifestações em Bordeaux e Além
Na semana passada, os viticultores de Bordeaux, enfrentando dificuldades crescentes, juntaram-se a milhares de agricultores em todo o país para expressar suas preocupações.
As estradas foram bloqueadas com tratores e feno, interrompendo o trânsito na autoestrada movimentada que circunda Bordéus.
Esterco foi despejado e fogueiras foram acesas em frente à prefeitura de La Gironde, sede do governo regional.
Guillaume Grandeau, secretário-geral do sindicato Jeunes Agriculteurs e viticultor em Langon, deu voz à frustração dos viticultores, ressaltando que os preços de compra estão abaixo dos custos de produção.
As queixas se estendem por toda a França, ecoadas pela Fédération Nationale des Syndicats d’Exploitants Agricoles (FNSEA), principal sindicato de agricultores do país.
Demandas e Frustrações
Vincent Bougès, presidente dos Jovens Agricultores de Gironde, expressou preocupações sobre o futuro da profissão, especialmente para os jovens produtores de uvas.
Eles exigem um preço mínimo para o vinho a granel e a redução das taxas pagas ao Conselho Vitivinícola de Bordéus.
Para pressionar suas demandas, planejam bloquear a autoestrada próxima a Sauternes e Graves na próxima semana.
Os agricultores franceses enfrentam aumentos constantes de custos e regulamentações mais rigorosas que seus colegas europeus.
A proposta do governo francês de eliminar a redução fiscal sobre o gasóleo agrícola desencadeou os protestos.
Resposta do Governo e Perspectivas Futuras
O apoio público considerável aos Viticultores de Bordeaux e de toda a França, o governo que vem sendo alvo de críticas por sua resposta às manifestações.
O Ministro do Interior, Gérald Darmanin, enfatizou a importância de ouvir as preocupações dos agricultores, enquanto o Ministro da Agricultura e o primeiro-ministro se reuniram com líderes da FNSEA para discutir as questões.
No entanto, permanece a incerteza sobre a eliminação da burocracia e a adaptação às novas regras da União Europeia (UE).
Os agricultores, embora beneficiários de subsídios anuais significativos da UE, estão sob pressão para garantir a segurança alimentar e se adaptar às novas regulamentações relacionadas à agricultura sustentável.
Jean-Samuel Eynard, presidente da FNSEA em Gironde, resumiu o sentimento geral, destacando o desespero crescente entre os agricultores.
“Nunca foi tão difícil para a classe agrícola, que enfrenta um cenário complexo de desafios e incertezas.”
A voz dos viticultores franceses ecoa por todo o país, representando um desafio significativo para as autoridades enquanto buscam soluções para garantir a sustentabilidade e a viabilidade do setor agrícola.
Sem perspectivas a curto prazo, e com a diminuição de subsídios governamentais. Além da elevação dos custos dos insumos de produção e dos juros, enfrentam um aumento de impostos desproporcional.
Esta política que vem sendo praticada pelo governo Francês em obediência as determinações da União Européia, tem ampliado a insatisfação gerando protestos dos vinicultoras não só na França.
O mesmo vem acontecendo na Alemanha e Itália e deve estendr-se para a Espanha e Portugal, que já não suportam vender a sua produção por preços inferiores aos seus custos.
A falta de perspectiva invibializa toda a cadeia produtiva, e coloca a todos como escravos das políticas adotadas pela União Européia.